Bravo33
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 Colocada: Seg Jul 17, 2006 9:07 am Assunto: Piquete de fogo ocupa bombeiros m ergulhadores |
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Piquete de fogo ocupa bombeiros m ergulhadores
Os poucos efectivos e os muitos fogos que têm fustigado o Grande Porto estão a impedir que as equipas de mergulhadores dos Sapadores de Gaia e do Porto consigam responder com prontidão às situações de afogamento. As equipas de mergulhadores dos Sapadores do Porto e de Gaia estão integradas nos piquetes normais das respectivas corporações e, muitas vezes, quando são necessárias para entrar na água... estão a combater incêndios.
A situação, que se limita a estes dois concelhos, é repudiada pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), que a atribui à irreflectida alteração de horários imposta pelas autarquias. "É anormal. Tanto mais anormal quanto a altura do ano é a de mais sinistros" ligados a situações de afogamento, lamentou ao JN o presidente da estrutura, Fernando Curto. Um anormalidade que já levou a ANBP a preparar uma providência cautelar pedindo a suspensão da actual organização de horários nos Sapadores do Porto.
Com mergulhadores em incêndios e sem gente sem os meios para acorrer às situações, as corporações são forçadas a pedir ajuda. Só na última semana, o cenário repetiu-se duas vezes na quarta-feira, os mergulhadores dos Sapadores de Gaia tiveram de ir à marginal do Porto fazer um serviço; anteontem, aconteceu o inverso, em Avintes.
Noite a apagar fogos
No primeiro caso, os mergulhadores portuenses não puderam fazer o serviço porque tinham passado a noite a apagar pequenos fogos; no segundo, os efectivos gaienses estavam todos ocupados a combater grandes incêndios florestais por todo o concelho.
Ora, explica Fernando Curto, "os bombeiros mergulhadores não podem estar num fogo e depois serem deslocados para um mergulho". Por uma questão de condições fÃsicas. "O corpo precisa de descanso, até em termos de respiração, para meter um aparelho de mergulho". E um incêndio deixa o bombeiro numa "situação biológica acelerada" incompatÃvel com o mergulho.
Ainda assim, Carlos Pereira, segundo comandante operacional do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS), tem dúvidas quando à necessidade de existirem equipas exclusivamente devotadas ao mergulho. Até porque, conforme sublinhou o responsável, na esmagadora maioria das vezes os mergulhadores só actuam para remover cadáveres das águas e não para operações de salvamento. "Ou é feito na hora, ou muito dificilmente é conseguido", referiu Carlos Pereira, lembrando que o tempo que as equipas de levam do quartel ao local do acidente inviabiliza, quase sempre, o salvamento de afogados.
Outros conhecimentos
Fernando Curto rebate com o caso de Avintes, em que o jovem ainda foi resgatado "com batimentos cardÃacos". Os "médicos podem provar isso!". Além de que a formação do mergulhador permite-lhe, perante o enchimento ou vazamento da maré, calcular aproximadamente os locais onde o desaparecido tem mais probabilidades de estar. Um cálculo que um bombeiro sem treino não consegue fazer, garante.
De qualquer forma, assegura do seu lado o responsável do CDOS, "não têm existido constrangimentos operacionais". Uma garantia que não parece convencer os bombeiros. "De manhã estiveram três elementos no Freixo. Agora estão três em Avintes. Por razões de segurança e cumprimento das leis da fÃsica de mergulho já não podemos fazer mais. Se houver mais afogamentos, como vai ser?", questionava, anteontem à tarde, em Gaia, o sub-chefe Joaquim Sousa, dos Sapadores do Porto.
O operacional sustentou que a falta de meios é real, até porque faltam preencher cerca de um terço (106) das vagas do quadro da corporação (317). Na outra margem, em Gaia, há 120 funcionários na Direcção Municipal de Bombeiros e Protecção Civil. Mas nem todos são sapadores também há que contar com técnicos superiores, administrativos e auxiliares.
Para Fernando Curto, a responsabilidade da situação no Porto cabe toda ao executivo camarário, que resolver escalar os Sapadores em cinco turnos em vez dos quatro existentes.
"Não vamos para o meio do rio, ficamos sempre à beirinha"
São precisos cinco minutos de carro, por uma sinuosa estrada em terra batida onde não se consegue andar a mais de 20 quilómetros à hora, para chegar ao pequeno areal da lagoa da Alpendurada, no Marco de Canaveses. Mas isso não é suficiente para afastar banhistas nem o facto de há um mês lá terem morrido dois jovens, de 14 e 15 anos de idade. "Aqui é mais sossegado e tenho sempre a criança ao meu pé", explica Liliana Sousa, de Lordelo. "Não gosto muito de praia e isto aqui é mais sossegado", concorda LuÃs Moreira, que prefere banhar-se nas águas do rio Tâmega a mergulhar no rio Ferreira, bem mais perto da sua casa em Valongo. Acompanhado pela mulher, LuÃs Moreira confessa que tem intensificado as idas à praia por causa da sobrinha que pretende adoptar. E é nas águas onde há um mês morreram dois jovens que a pequena Ariana, com apenas 21 meses, se vai molhar. "Não saÃmos da beirinha da água", garante. A esposa corrobora e, mais do que a falta de vigilância da praia, lamenta o desmazelo das pessoas. "Aqui o mal é a falta de higiene. A praia está muito suja", afirma Maria América Pinto. "Muitas vezes, nem com nadadores-salvadores há hipóteses de salvar as pessoas", acrescenta LuÃs Moreira. A maioria dos banhistas que frequentam o areal da lagoa da Alpendurada conhecem bem o acidente de há um mês mas nem por isso deixaram de ir à praia. "Morreram aqui dois miúdos como poderiam ter morrido noutro lugar", argumenta Joaquim Silva, que se mostra mais preocupado por não saber se as águas do rio Tâmega estão limpas. "A gente habilita-se. Vamos para onde houver água. Também nunca vamos para o meio do rio, estamos sempre à beirinha da areia", justifica-se aquele morador de Penafiel. Fernando Pinheiro e EmÃlia Monteiro conhecem bem as águas do Tâmega, pois moram há muitos anos em Alpendurada. Mas, nem por isso, facilitam. "Sei nadar e conheço bem o rio. Há muita gente que vai lá para o meio. Isso é perigoso! O meu menino nunca sai da beirinha da água", assegura Fernando Pinheiro, olhando com um ar protector e ternurento para o filho de dois anos enquanto recorda a forma trágica como dois jovens perderam a vida após o naufrágio do barco a remos em que seguiam. E, tal como muitos moradores da zona, o casal só frequente aquela praia porque é a que fica "mais perto de casa". "A limpeza é que não é grande coisa", conclui EmÃlia Monteiro. Hermana Cruz
fonte:jornal de noticias
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