O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses admitiu hoje suspender a formação da Escola Nacional de Bombeiros no centro de Bragança se, até ao final do ano, se mantiver o impasse com as instalações, que considera sem condições.
Duarte Caldeira, responsável pelo organismo que gere a Escola Nacional de Bombeiros, entende "não ser mais possível manter a actividade formativa em instalações que são provisórias há oito anos e que não têm condições para ministrar formação prática, apenas teórica".
Em resposta às declarações de Duarte Caldeira, o governador civil do Distrito de Bragança, Jorge Gomes, garantiu existir "uma solução, que não será discutida na comunicação social, mas em sede própria".
O centro de formação de Bragança da Escola Nacional de Bombeiros funciona provisoriamente desde a sua abertura, em 1998, nas antigas instalações da PSP.
Existia, desde essa altura, um projecto para a construção de um edifício de raiz, na Quinta da Trajinha, em terrenos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, através de um protocolo que nunca foi oficializado.
Segundo disse à Lusa Duarte Caldeira, a actividade da escola está reduzida a cursos teóricos de operadores de central, por não existirem condições físicas para ministrar outro tipo de formação em áreas como o combate a incêndios ou salvamento e desencarceramento, por falta de espaço.
A formação está suspensa em todo o país devido à mobilização dos bombeiros nos fogos florestais, e será retomada em Setembro.
O centro de Bragança tem cursos previstos até ao final do ano, mas, segundo Duarte Caldeira, o plano de actividades para 2007 não será elaborado se não houver uma alternativa às actuais instalações, o que implica a suspensão da formação.
Segundo disse, dos quatro centros de formação existentes em Portugal - em São João da Madeira, Sintra, Lousã e Bragança - este é o único que não tem condições para a formação prática.
"É uma violência estar a fazer deslocar bombeiros de todo o país a Bragança para formação em sala, apenas para manter em funcionamento este centro de formação", afirmou.
Perante o impasse e a disponibilidade já manifestada por outras câmaras do distrito em oferecerem condições para a instalação do centro, o presidente da Liga considerou que se "deve avançar para outras soluções se o impasse se mantiver em Bragança".
Contactado pela Lusa, o governador civil do Distrito, Jorge Gomes, que tem acompanhado o processo, estranhou as declarações do presidente da Liga, lembrando uma reunião que teve lugar há alguns meses, na qual estiveram presentes as várias partes envolvidas no processo, desde os bombeiros ao secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões.
"Tal como ficou assegurado nessa reunião, o centro de formação de Bragança não vai encerrar, existe uma solução para que se mantenha no distrito de Bragança", afirmou, mas sem esclarecer se será para manter nesta cidade ou noutro concelho da região, tendo em conta a disponibilidade de outros municípios.