Pode definir-se agente biológico como um microorganismo ou toxina que provoca doenças no homem, animal ou plantas e/ou causa deterioração dos tecidos vivos.

O potencial de agressão dos agentes biológicos baseia-se na sua principal característica, que é a sua capacidade de, ao longo do tempo, se multiplicar num hospedeiro. Os efeitos nocivos que podem causar dependem de uma interacção entre diversos factores do:

agente biológico,
hospedeiro (constituição genética, estado imunológico da população, etc.),
ambiente (temperatura, qualidade da água, densidade populacional, etc.).
Os agentes biológicos podem ser classificados de vários modos, sendo os mais relevantes os fungos, as bactérias e os vírus. Esta classificação torna-se especialmente útil para os serviços médicos, para actuação a nível da detecção, identificação, profilaxia e tratamento.

Os agentes químicos são substâncias que, pela sua acção química sobre os processos vitais, possam causar a morte, incapacidade temporária ou lesões permanentes nos seres vivos.

Os agentes químicos utilizados actualmente, normalmente são líquidos ou sólidos e só excepcionalmente são gases. Contudo uma certa quantidade da substância existe sempre na forma gasosa (a quantidade depende de quão rapidamente a substância se evapora) e a concentração de gás pode ser tóxica.

Quer as substâncias sólidas quer as substâncias líquidas podem ser dispersas no ar na forma atomizada, os chamados aerossóis. Um aerossol pode penetrar no corpo através dos órgãos respiratórios do mesmo modo que um gás.

Alguns agentes químicos podem ser absorvidos pela pele. Este facto acontece principalmente com líquidos, mas também pode suceder com gases e aerossóis. As substâncias sólidas, também, podem penetrar na pele lentamente ou mais rapidamente se misturadas com solventes adequados.

As flores e as folhas de algumas plantas podem mudar de cor se forem expostas a gotas de um agente químico durante um incidente. Podem aparecer manchas brilhantes ou baças, assim como descoloração castanha, principalmente nas folhas. Árvores inteiras ou em parte podem sofrer descoloração em situações de forte exposição. A descoloração surge frequentemente ao fim de alguns minutos mas pode ocorrer após alguns dias.

Os agentes químicos são, geralmente agrupados de acordo com os efeitos que produzem no corpo, podendo afectar diferentes órgãos como, por exemplo, o sistema nervoso central, o sistema respiratório ou o sistema circulatório.

Os agentes radiológicos são substâncias radioactivas que estão em permanente transformação, emitindo radiações portadoras de energia. As radiações podem modificar e destruir as células do corpo humano. Se for atingido um grande número de células, existe um grave perigo para a saúde.

Na utilização de um agente biológico ou químico, o efeito provocado depende de vários factores, entre outros:

tipo de agente;
quantidade;
método pelo qual o agente é disseminado;
factores que influenciam a sua toxicidade, infecciosidade ou virulência durante e após a libertação;
características e dispersão na atmosfera;
estado de protecção e susceptibilidade das populações expostas ao agente.
Estes agentes podem entrar no organismo por inalação, absorção dérmica ou ingestão. De um modo geral, a inalação, afectando as vias respiratórias e pulmões, produz efeitos mais graves

As consequências de um agente radiológico dependem:

da quantidade de radioactividade lançada para o ambiente;
da natureza dos elementos radioactivos libertados;
das condições meteorológicas existentes;
das estações do ano (do estado da vegetação);
das medidas de intervenção e autoprotecção postas em prática.
A contaminação com agentes radiológicos pode acontecer por radiação externa ou interna. A radiação externa resulta da exposição a uma nuvem radioactiva ou às substâncias radioactivas que se depositam no solo. A radiação interna resulta da inalação de ar contaminado ou do consumo de alimentos contaminados, que afectem o organismo por um período de tempo variável, de acordo com o agente em questão.

Os agentes radiológicos, biológicos e químicos podem ser dispersos no ar que respiramos, na água que bebemos ou nas superfícies com que contactamos fisicamente. Os métodos de dispersão podem ser tão simples como colocar um recipiente numa área densamente usada, abrir o recipiente, utilizar aparelhos de dispersão convencionais ou comerciais (pulverizadores de jardim, por exemplo), bem como fazer detonar um dispositivo explosivo.

Os incidentes químicos são caracterizados pelo rápido início dos sintomas médicos (de minutos a horas) e evidências facilmente observáveis (resíduos coloridos, folhagem morta, odor pungente, insectos e animais mortos).

No caso dos incidentes biológicos, o início dos sintomas requer dias ou semanas e não há evidências características. Devido ao atraso do aparecimento dos sintomas num incidente biológico, a área afectada poderá alcançar uma maior dimensão devido à migração de indivíduos infectados.

Quanto aos incidentes radiológicos, o início dos sintomas demora dias ou semanas a aparecer e, também, não há evidências características. Os agentes radiológicos não são reconhecíveis pelos sentidos, são incolores e inodoros. É necessário equipamento especializado para determinar a dimensão da área afectada e se o nível de radioactividade representa um perigo de saúde imediato ou a longo prazo. Devido ao atraso do aparecimento dos sintomas, nos incidentes radiológicos a área afectada poderá alcançar uma maior dimensão devido à migração de indivíduos contaminados

Relativamente aos agentes biológicos e químicos, dada a multiplicidade de factores e interacções possíveis, as medidas de autoprotecção a tomar vão depender do incidente particular que ocorrer. A identificação o mais rápida possível do agente utilizado é o factor determinante para permitir a recomendação de medidas específicas e o tratamento dos indivíduos afectados. Para possibilitar essa identificação, é essencial que a população recorra aos cuidados de saúde primários e/ou comunique às autoridades competentes qualquer ocorrência suspeita.

De um modo genérico as medidas de autoprotecção recomendáveis são as seguintes:

Mantenha a serenidade. Não entre em pânico.
Acalme os outros, especialmente crianças e idosos.
Ouça uma estação de radiodifusão.
Siga escrupulosamente as instruções das autoridades.
Procure, de imediato, refúgio em edifícios fechados.
Ouça uma estação de rádio local e a televisão que difundirão comunicados das autoridades de protecção civil.
Esteja atento aos avisos das autoridades de protecção civil difundidos através de altifalantes instalados em veículos automóveis.
Não vá buscar as crianças às escolas ou creches. Elas serão acompanhadas pelo pessoal responsável.
Desligue os sistemas de ventilação e ar condicionado.
Feche as portas e janelas que dão para o exterior e calafete-as com panos húmidos.
Não fume e apague chamas, lareiras e outras fontes de ignição.
Desligue os aquecimentos e feche a ventilação das chaminés.
Mantenha-se afastado das portas e janelas.
Utilize o telefone só em caso de necessidade absoluta, para não sobrecarregar as linhas.
Se sentir algum cheiro estranho, molhe um lenço e aplique-o no rosto, respire através dele, inspirando superficial mas frequentemente.
Se sentir ardor nos olhos, lave-os abundantemente com água fria.
Em caso de queimaduras, tome duche de água fria com urgência.
Se circular de automóvel, feche imediatamente os vidros e desligue a ventilação.
Mantenha-se ocupado, embora atento à difusão de avisos.
Siga e faça seguir, sem reservas, as instruções difundidas pelas autoridades.
Se por medida de precaução as autoridades decidirem a evacuação:

Leve consigo os seus documentos e feche à chave as portas para o exterior.
Quando for reposta a normalidade:

Abandone o seu abrigo só quando lhe for permitido pelas autoridades de protecção civil.
Ventile a casa somente após recomendação das autoridades

O abrigo da população dentro de casa oferece uma protecção considerável contra as radiações, sendo a dose de radiação recebida no interior nitidamente inferior à da rua. A cave oferece uma protecção ainda mais eficaz.

Deve-se, no entanto, verificar se os ventiladores e o ar condicionado estão desligados e se as portas e janelas estão fechadas.

Mais vale estar abrigado em casa e ser depois evacuado,do que ser irradiado no exterior aquando da passagem da nuvem radioactiva.

Se a situação radiológica for avaliada de tal forma que a população de certas áreas, mesmo abrigada dentro das casas, possa vir a sofrer doses de radiação demasiado elevadas, deve-se proceder à sua evacuação temporária.

As pessoas que não possam encontrar refúgio pelos seus próprios meios, serão recolhidas e alojadas em centros de acolhimento a instalar pelas autoridades de protecção civil, devendo regressar às suas casas após terminar o período de tempo considerado como necessário para uma evacuação de segurança.

As autoridades de protecção civil deverão instalar centros de descontaminação devidamente localizados fora da zona contaminada.

As medidas de autoprotecção específicas para os agentes radiológicos são as seguintes:

Mantenha a serenidade. Não entre em pânico.
Acalme os outros, especialmente crianças e idosos.
Ouça uma estação de radiodifusão.
Siga escrupulosamente as instruções das autoridades.
Ouça as estacões nacionais de radiodifusão e a televisão que difundirão as directivas e conselhos das autoridades competentes.
Não vá, por esta razão, buscar as crianças às escolas, infantários ou creches. Elas serão acompanhadas pelo pessoal responsável.
Volte para casa ou vá para qualquer outro local construído em cimento, pedra ou tijolo, no qual possa abrigar-se e acompanhe as indicações das autoridades através da rádio e televisão.
Feche todas as portas e janelas que dão para o exterior.
Desligue todos os sistemas de ventilação e ar condicionado.
Desligue a chama dos aparelhos de aquecimento e apague as lareiras.
Desligue os botões do aquecimento e feche a ventilação das chaminés.
Coloque camadas de papel de jornal ou panos húmidos nas frestas das janelas e portas para reduzir a entrada de ar.
Desligue os sistemas de recolha de água da chuva.
Traga para dentro de casa os seus animais domésticos.
Não beba água proveniente de furos ou poços e coma só os alimentos que estiverem dentro de casa. Evite consumir os legumes e a fruta colhida recentemente até que seja difundida instrução em contrário.
Só utilize o telefone em caso de necessidade absoluta para não sobrecarregar as linhas.
Mantenha-se ocupado, embora atento à difusão dos avisos.

Leve o gado para locais fechados.
Na medida do possível, reduza a ventilação natural ou artificial desses locais.
Prepare e conserve em local fechado, forragens e alimentos empacotados para a alimentação do gado.
Cubra o feno que se encontra ao ar livre com plástico.
Feche as estufas.

Os responsáveis das escolas devem ouvir as estações nacionais de radiodifusão e a televisão e informar todos os professores da situação. Todas as escolas deverão estar equipadas com rádios receptores.
De acordo com as directivas das autoridades, os responsáveis das escolas públicas e privadas devem organizar o regresso das crianças a casa ou mantê-las provisoriamente na escola. As crianças ficam sob a guarda dos professores enquanto permanecerem na escola.

Em caso de evacuação, a medida será comunicada, nomeadamente através de mensagem difundida por uma estação de radiodifusão ou por altifalantes em veículos automóveis das autoridades competentes

Após o aviso de evacuação siga as instruções seguintes:

Leve consigo os seus documentos (bilhete de identidade, cartão da segurança social, etc.) bem como dinheiro ou outro meio de pagamento.
Deixe fechadas as torneiras de água, o gás e a electricidade, como faz habitualmente quando sai de casa.
Feche à chave as portas que dão para o exterior.
Em caso de evacuação em meio de transporte próprio:

Feche bem as janelas e desligue os sistemas de climatização e ventilação do seu carro.
Ligue o rádio do carro e ouça uma estação nacional de difusão.
Siga os itinerários aconselhados pelas autoridades.
Se não for possível abrigar-se em casa de parentes ou de amigos, dirija-se aos centros de acolhimento instalados pelas autoridades de protecção civil.
Em caso de evacuação em meio de transporte colectivo:

Dirija-se ao ponto de encontro designado pelas autoridades de protecção civil, se não dispuser de meios próprios para a evacuação.
Telefone para o número nacional de emergência 112, se houver pessoas doentes ou deficientes em sua casa para evacuar.
A aplicação eficaz das medidas de autoprotecção exige espírito de solidariedade, entreajuda e respeito mútuo.